Aldeias no interior de Portugal, tesouros prontos a descobrir

A par de outros países europeus, uma grande parte da população portuguesa concentra-se na faixa litoral, aglomerando-se à volta dos centros urbanos de Lisboa e Porto.

Mas no interior do país sobram muitos motivos de interesse, a começar pelas aldeias onde o modo de vida tradicional convive harmoniosamente com a natureza, e também com as novas necessidades do mundo moderno.

De norte a sul do país, há muitas aldeias a merecer visita. Eis cinco que não pode mesmo perder.

Soajo

A aldeia do Soajo pertence ao concelho de Arcos de Valdevez e é uma das mais carismáticas aldeias raianas do Parque Nacional da Peneda-Gerês. Localizada a menos de hora e meia do aeroporto do Porto, é particularmente conhecida, e reconhecida, pela sua eira comunitária, onde pontuam 24 espigueiros construídos sobre uma impressionante fraga granítica. Os espigueiros serviam para arrumar os cereais, mantendo-os secos e elevados do chão.

Com ruelas estreitas e algumas casas senhoriais, o Soajo foi uma vila importante – como o seu velho pelourinho, instalado na praça principal da vila vem atestar. Hoje em dia tem cerca de 900 habitantes, uma oferta turística rica e diversificada. A aldeia do Soajo tem sabido adaptar-se aos novos tempos – com a criação de alojamentos locais em casas anteriormente fechadas ou devolutas – sem se tornar num museu ao ar livre desprovido de alma e vida. 

Soajo

Sortelha

É uma das mais bonitas e bem conservadas aldeias de Portugal, tendo conseguido conservar a fisionomia urbana e arquitetónica até aos nossos dias. Com uma localização surpreendente, alcandorada num maciço granítico, é um exemplar de como o homem sempre se tentou adaptar aos caprichos da natureza.

O núcleo central da aldeia está muito bem conservado, e deambular pelas ruas estreitas entre o casario todo reabilitado e requalificado é uma experiência muito prazerosa. A aldeia tem quatro portas (Porta da Vila, Porta Falsa, Porta Nova e Porta do Castelo) e um dos passatempos poderá ser escolher em qual delas conseguirá o melhor ângulo para uma fotografia.

Os mais afoitos podem atrever-se a calcorrear a muralha, que está toda transitável, para melhor poderem apreciar a beleza da paisagem, e os detalhes do interior da aldeia a partir de um angulo mais elevado. Só é pena que já não haja habitantes a morar na aldeia ao longo de todo o ano. Mas os visitantes dos restaurantes e clientes dos alojamentos locais em que se transformaram as casas garantem que a aldeia continua a ter vida. Sortelha pertence ao concelho do Sabugal, cuja sede de concelho é também ela uma aldeia muralhada. Há mesmo muitas razões para visita.

Sortelha

Campo Benfeito

Em plena serra de Montemuro, a aldeia de Campo Benfeito pertence ao concelho de Castro Daire, a curta distância da cidade de Viseu. Durante o ano é habitada por cerca de meia centena de habitantes; mas, no verão a população mais do que duplica, não só por causa dos emigrantes que regressam à terra mas também pelos muitos visitantes que participam no Festival Altitudes, organizado pelo Teatro Regional da Serra do Montemuro.

A aldeia de Campo Benfeito é a sede desta companhia de teatro que, há mais de 30 anos escolhe trabalhar, com muito sucesso, os temas da serra e da ruralidade nos seus textos dramatúrgicos. Uma outra verdadeira instituição da aldeia é a Cooperativa Capuchinhas, formada por quatro mulheres que criam vestuário em burel, linho e lã, tecidos em teares manuais e usando métodos tradicionais – com um design contemporâneo. Com a ajuda da internet, têm vendido para vários pontos do globo.

Passear pelas ruas de Campo Benfeito, significará, também, cruzar-se com os seus amistosos habitantes e ouvir histórias de todos os tempos.

Campo Benfeito

Monsanto

Localizada no concelho de Idanha-a-Nova, a aldeia de Monsanto situa-se a cerca de 750 metros de altitude, num maciço granítico que não só lhe alarga os horizontes como lhe embeleza a paisagem. Um concurso feito no tempo do Estado Novo procurou eleger a “aldeia mais portuguesa de Portugal” e Monsanto, que tem a irrepetível característica de ter grandes fragas e penedos paredes meias com as casas, lá ganhou o título. 

Há quem o considere de má memória por estar ligado aos tempos da ditadura, mas o “Galo de Prata” que simboliza o galardão lá está visível, junto ao sino da igreja. A verdade é que Monsanto continua a ser um ícone exemplar da portugalizado e do que é ser português. É talvez a mais conhecida das 12 aldeias que compõem a rede das Aldeias Históricas de Portugal e é, também o berço de um interessante projeto de música tradicional – as Adufeiras de Monsanto.

Aldeia majestosa e altaneira, vale a pena subir até ao topo da aldeia, onde os templários ergueram uma torre de menagem, e deleitar os olhos com a paisagem.

 
Monsanto

Castro Laboreiro

Situada no extremo norte do Alto Minho, a aldeia de Castro Laboreiro, pertencente ao concelho de Melgaço, sempre sofreu (e beneficiou) do isolamento a que a natureza a votou. De Melgaço, sede de concelho, até à vila de Castro, é uma ascensão de 800 metros que se faz em 30 quilómetros – a ascensão não é íngreme, mas é inesquecível, como descreveu José Saramago, Nobel da Literatura, na sua “Viagem a Portugal”, de 1981. 

Lá chegados, importa conhecer o património histórico e arquitetónico de uma aldeia cujos habitantes aprenderam a viver na paisagem inóspita, território do lobo. Recomenda-se a visita ao castro medieval e ao castelo, um monumento nacional inesquecível pela sua localização, e também ao Núcleo Museológico de Castro Laboreiro, para conhecer os hábitos e tradições das gentes da terra, nomeadamente a mudança anual entre a casa na branda, situada no planalto mais desabrigado, para a casa na inverneira, para se proteger dos rigores do inverno.

 
Castro Laboreiro
Texto de:
Luísa Pinto / Rostos da Aldeia

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