Histórias, Cores e Gentes da Ilha Terceira
Ilha emblemática do arquipélago dos Açores, integrante do Grupo Central, a Terceira caracteriza-se por um conjunto de atrações irresistíveis e muito sui generis.
A paisagem é marcada pela deslumbrante geologia vulcânica, por tradições populares cujas origens se perdem no tempo e por um legado histórico que se faz sentir durante toda a viagem.
Descobrimentos, navegadores, guerras e um terramoto
Os portugueses começaram a estabelecer-se na Terceira em 1450, após a descoberta dos Açores, em pleno início da Era dos Descobrimentos. As primeiras povoações surgiram nas áreas de Porto Judeu e Praia da Vitória. Entre os séculos XV e XVIII, período de expansão das potências europeias, a ilha foi ponto de passagem obrigatório para as frotas marítimas que atravessavam o Atlântico rumo a África e à América.
A capital da Terceira voltou a ser o centro das atenções em 1980, devido ao segundo maior sismo da história em solo português (7,2 na escala de Richter). Grande parte de Angra do Heroísmo foi devastada, mas poucos anos depois estava praticamente reconstruida, com o esforço conjunto de várias instituições e da população. E em 1983, chegou o reconhecimento como Património Mundial da UNESCO.
Beleza natural
O ponto de partida para uma viagem pela ilha poderá ser precisamente o centro histórico de Angra, que preserva a traça da arquitetura do século XV. É ainda impossível ignorar o Museu de Angra do Heroísmo e o velho Convento de São Francisco. Depois, o ideal mesmo é alugar um carro e partir à descoberta.
Muitos dos encantos da Terceira revelam-se quando saímos do centro urbano. Em Biscoitos, no concelho da Praia da Vitória, encontramos a origem do famoso Vinho Verdelho dos Biscoitos — no Museu do Vinho local pode aprender muito sobre esta tradição vitivinícola. Aqui poderá ainda refrescar-se na zona balnear, em piscinas naturais de origem vulcânica junto ao oceano.
Caso queira continuar a explorar a particular geografia desta ilha, pode seguir para a zona de Porto Judeu e dirigir-se ao Algar do Carvão. Esta chaminé vulcânica está localizada na Caldeira Guilherme Moniz, um vulcão adormecido. No interior, pode deslumbrar-se com as formações rochosas e as abóbadas cobertas com estalactites.
Tradições populares
Se é inevitável explorar as maravilhas naturais da Terceira, é preciso também conhecer as gentes da ilha.
Um dos traços que marca visivelmente tanto as povoações como as paisagens é a forte religiosidade. São muitos os exemplos, a começar pela Sé Catedral de Angra do Heroísmo, inspirada pelo estilo gótico.
No concelho de Santa Cruz, encontramos os Paços do Concelho e a Igreja Matriz da Praia da Vitória, dois exemplos de arquitetura manuelina que remontam ao século XVI.
A Igreja Matriz da vila de S. Sebastião, por seu lado, destaca-se pelos portais góticos e restauro barroco.
O culto religioso é também o mote para muitas festas populares, principalmente as Festas do Espírito Santo. Comuns a todo o arquipélago dos Açores, ocorrem em várias povoações da Terceira entre maio e setembro. As Festas organizam-se em torno de capelas com o nome de "Império", geridas por uma “irmandade”, e incluem desfiles de cariz religioso, bem como carros alegóricos puxados por animais. A origem desta tradição, que é uma parte integrante da identidade local, perde-se no tempo e pensa-se estar associada à época da colonização das ilhas.
Entre os meses de maio e outubro, por toda a ilha, realizam-se ainda as touradas à corda. Um exclusivo da ilha Terceira, em que o animal é conduzido pelo meio da multidão, preso por uma corda, e que por vezes inclui banhos no mar da praia. Esta atividade também ocorre nas Festas de São João em Angra do Heroísmo, que incluem cortejos alegóricos, marchas populares, música e eventos dedicados à gastronomia local.
Já o início do ano é marcado pelas Danças do Entrudo (as Danças de Carnaval da Terceira). Neste evento mais do domínio do “profano”, milhares de pessoas entre locais e visitantes seguem um itinerário que os leva a vários pontos da ilha em cortejos de Carnaval e eventos de dança e teatro de rua dedicados a diferentes temas.
Com tantos motivos de interesse, o melhor mesmo é marcar uma data no calendário e começar a fazer as malas!