Entre os Rios, a Arte e a Ficção

É a capital de Loire-Atlantique, na região francesa de Pays de la Loire. Existe e reinventa-se à beira do rio Loire (o mais longo da França) e a poucos quilômetros do Atlântico. Por ter rios e canais a dividi-la, com classe e poesia, já foi chamada de Veneza do Oeste. É onde a arte atravessa o tempo e o futuro chega mais depressa. Já foi eleita a cidade mais feliz da França e já foi a Capital Verde da Europa. Está pronto para descobri-la?

É que talvez nem precise de mapa…

 É só seguir a linha verde e conhecer muito do que Nantes tem para oferecer. Não estamos falando da linha de metrô comum, mas de uma linha pintada no chão, com cerca de 8 quilômetros, que liga os pontos turísticos incontornáveis da cidade, desde monumentos a instalações artísticas, passando por museus, eventos culturais, mirantes ou jardins. Algumas iniciativas incluídas no percurso são temporárias e acontecem sobretudo durante os meses de verão, outras vão sendo incluídas no trilho para durarem no tempo e tornarem-se paradas permanentes do circuito.

É por isso uma viagem em constante evolução e que permite olhar para a cidade de diversas formas. Podemos mesmo dizer que A Viagem a Nantes (Le Voyage à Nantes) é uma experiência cultural única que passa por tudo aquilo que a cidade é: alegre, sensível, excitante, culta, artística e memorável.

Nantes, o porto das viagens de Júlio Verne

Nantes e os seus barcos inspiraram Júlio Verne. Foi aqui que o escritor nasceu em 1828, filho mais velho de uma família da classe burguesa. Muitos dos que estudaram sua vida e obra acreditam que terá passado parte de sua infância observando os navios que chegavam e partiam da cidade. Terá sido daqui que a imaginação de Júlio Verne terá partido também em busca de novos mundos, muitas vezes vislumbrando até o futuro, embora na época disfarçado da mais pura ficção. 

Nantes agradece ser um lugar inspirador e faz questão de homenagear o escritor das mais diversas formas. Por exemplo, com o Museu Júlio Verne que está albergado em uma casa do século XIX, muito perto do rio Loire. Guarda um acervo rico dedicado ao autor e é composto por manuscritos originais, objetos pessoais, as primeiras edições de muitos de seus livros e réplicas de algumas de suas invenções.

 

E por falar em imaginação, invenções e em Júlio Verne

Imagine um lugar de fantasia futurista que mistura a criatividade do autor das 20 Mil Léguas Submarinas com o génio inventivo e mecânico de Leonardo da Vinci. A isto junte animais de grandes dimensões (em movimento), um carrossel, as mais audazes aventuras e as mais curiosas sensações. São as Máquinas da Ilha de Nantes (Les Machines de L’île) que podem ser encontradas na parte oriental da ilha, em um local que abrigou os estaleiros navais da cidade até os anos 70. 

A ideia nasceu de um espetáculo assinado pela companhia de teatro de rua Royal de Luxe e que foi criado em 2007 para a bienal das artes da cidade. Criaturas colossais, que representam o imaginário de Nantes, dominam o espaço. É o caso, por exemplo, do famoso elefante gigante com cerca de 12 metros de altura e no qual pode-se até dar um belo passeio para ver a cidade do topo. Também há uma formiga e um polvo de grandes dimensões e o incontornável Carrossel dos Mundos Marinhos.

 

Mas Nantes é muito mais que ficção científica

É também, arte. Exemplo disso é o Estuário de Nantes, muitas vezes descrito como um verdadeiro museu a céu aberto ou uma criativa aventura artística nas margens do rio Loire.

Ao longo de cerca de 60 quilômetros estão dispostas 29 obras de arte assinadas por conceituados artistas que integraram, em três fases diferentes, o projeto artístico Estuaire. Este foi mais um dos vários impulsos criativos e inovadores projetados para a cidade e consistiu em dar a cada lugar uma visão artística. Pode-se descobrir este percurso a pé, de bicicleta ou de barco.

Tem biscoitos de amor feitos com manteiga

Chamam-se Lu e são um dos biscoitos mais conhecidos de França. São elegantes, distintos, muito saborosos, nutritivos e foram criados em Nantes, em meados do século XIX.

Nasceram de uma bela história de amor entre Jean-Roman Lefevre e Pauline Isabelle Utile. Juntos na vida e na arte da pastelaria, combinaram os elementos perfeitos que resultaram neste autêntico deleite para o paladar. Feitos à base de manteiga, açúcar, farinha e leite são uma das marcas da cidade que você não pode deixar de provar.

Um castelo no coração…

Bem no centro de Nantes está uma das heranças históricas da cidade —  o Castelo de Nantes ou Château des ducs de Bretagne. Começou a ser construído por François II, último duque da Bretanha, no século XV, atravessou várias épocas e hoje guarda muitas histórias. É o último castelo de Loire antes do Atlântico e é onde se pode conhecer, detalhadamente, a história da cidade, já que alberga o Museu de História de Nantes. E é uma história rica contada através de sete sequências, desde sua edificação ao século XX. Além desta perspectiva mais realista, o museu também lhe permite conhecer Nantes pelos olhos de poetas, pintores ou diretores de cinema.

 

Um lugar de excelência para fazer compras

A Passage Pommeraye foi inaugurada em 1843 e mandada construir por Louis Pommeraye. Liga duas ruas da cidade e é considerada uma das passagens cobertas mais bonitas da Europa. Parece intacta, desde sua construção, e está decorada com estátuas e detalhes renascentistas. É o lugar perfeito para compras, uma vez que a galeria é composta por diversas lojas divididas por três andares. Em 1961, foi o cenário de uma das cenas mais conhecidas do filme Lola de Jacques Demy.

Jazz e encontros felizes no rio Erdre

É um dos rios de Nantes, afluente do Loire e atravessa a cidade. Todos os anos recebe o Les Rendez-Vous de L’Erdre, festival de jazz, com entrada livre, que traz à cidade artistas e apreciadores de jazz de todo o mundo. O cenário é perfeito e único: os palcos estão espalhados por mais de uma centena de barcos ao longo do rio, e também em alguns pontos nas margens que se enchem de gente para assistir a esta encantadora experiência. 

A música completa a paisagem que a envolve e flui com o rio de uma forma orgânica e poética. É por isto que são encontros singulares e imperdíveis.

E Muscadet…

Lembra o vinho verde português, mas é feito da casta Melon de Bourgogne e é o vinho branco mais produzido de toda a região de Loire, na costa oeste francesa. Descrito pelos mais respeitados conhecedores como um vinho puro, limpo, fresco e leve, o Muscadet liberta aromas florais e frutados e acompanha na perfeição pratos ligados ao mar.

Por aqui, encontra diversos bares de vinhos que oferecem uma seleção cuidada de diferentes tipos de Muscadet, o que também acontece nos vários restaurantes recomendados espalhados pela cidade. Está mais que na hora de fazer um brinde a Nantes com um copo de Muscadet. Sugerimos que o faça em uma das esplanadas que animam as ruas da cidade.